11 julho 2019

Banidos da ‘casa do povo’, servidores protestam em frente à Câmara


Cerca de duas mil pessoas se reuniram na porta da Câmara dos Deputados contra a reforma da Previdência. Policiais abriram gás de pimenta contra os manifestantes, que seguiram resistindo em defesa da aposentadoria pública

Escrito por Condsef/Fenadsef

Em mais um dia de luta contra a proposta de reforma da Previdência do governo, que retira direitos dos trabalhadores e extingue o direito à aposentadoria dos brasileiros, servidores públicos, estudantes e movimentos sociais se reuniram na porta do Anexo II da Câmara dos Deputados para protestarem contra a votação atropelada da PEC 6. A recepção dos manifestantes foi agressiva: a polícia abriu gás de pimenta contra a população indignada e fechou as portas da “casa do povo”. A violência, entretanto, não intimidou o protesto. Parlamentares de oposição participaram do ato em defesa da aposentadoria.

“Infelizmente o povo está banido de sua casa, que é a Câmara dos Deputados. Isso mostra quão nefasta é essa proposta de reforma, que exclui os mais fracos, passa por cima dos direitos dos trabalhadores para priorizar interesses de uma corja de bandidos. Estão trocando votos por milhões de reais em emendas parlamentares, isso é um absurdo, mas seguimos fortes”, comentou Sérgio Ronaldo da Silva, Secretário-geral da Condsef/Fenadsef.

No próximo dia 12 de julho, sexta-feira, os estudantes de todo o Brasil, que estão na capital para o Congresso da UNE, realizarão mais atos contra a PEC 6. Do Salão Verde da Câmara, espaço que antecede o Plenário, a deputada federal Alice Portugal (PCdoB-BA) criticou a violência aos manifestantes e a restrição de acesso ao parlamento. “Estamos vivendo um Congresso sitiado e isso é inconstitucional, é uma vergonha para o parlamento brasileiro, que é do povo e deve ser para o povo. Essa é a morte da democracia e do parlamento brasileiro”, disse.

Ministros exonerados para votar

Como manobra para aumentar o número de votos a favor de uma proposta que tem pouco apoio, o governo exonerou seus ministros de estado eleitos deputados federais para que pudessem comparecer à Câmara e computarem voto. É o caso, por exemplo, do ministro Osmar Terra e de outros que apareceram nesta quarta-feira, 10, no Plenário. Chico D’Angelo, deputado federal pelo PDT-RJ, chamou de escândalo a estratégia do governo.

“É um verdadeiro escândalo. Temos ministros dentro do Plenário liderando as votações. [Na reforma da Previdência] Não há nenhuma medida que beneficie o professor, o porteiro de prédio ou os trabalhadores da classe média. Ela agrada simplesmente banqueiros e grandes empresários”, comentou. “Se essa reforma passar, daqui alguns meses a população vai repudiar”.

“É 15 vezes pior para servidores”

Presidente de comissão especial da PEC 6, deputado Marcelo Ramos (PL-AM) disse que a reforma é 15 vezes mais dura para o servidor público. Ele reconheceu também que haverá impacto para os que recebem renda menor do que dois salários mínimos. José Guimarães, líder do PT na Câmara (PT-CE), comentou que este governo só tem um projeto, que é retirar direitos dos trabalhadores. “O que essa reforma faz? Ela reduz a aposentadoria do trabalhador. O valor das aposentadorias vai ser reduzido em 60%, é uma proposta perversa. Por isso que nós estamos resistindo, para impedir que essa gente destrua os direitos constitucionais. Essa gente que não tem nenhum compromisso com o Brasil, com a cidadania ou com a democracia”, afirmou.

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