22 março 2017

Carne Fraca


Ainda é muito controverso o que se tem de informação na intitulada operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que ocupa as principais manchetes do país desde a última sexta-feira. O tema é sério e merece sim atenção, no entanto, a maneira espetaculosa com que a operação foi divulgada não esclarece os detalhes do problema, pelo contrário, confunde. Nesse momento não sabemos quanto da carne brasileira está comprometida. Não sabemos até que ponto o espetáculo tem um viés legitimo ou busca ofuscar outras importantes pautas como a Reforma da Previdência e Trabalhista. Espremendo as informações, o que sabemos é que os fiscais agropecuários já haviam feito denúncias, desde 2010, sobre problemas diversos relacionados a alimentos no Brasil. Para atuar nas áreas de auditoria e fiscalização, desde a fabricação de insumos, como vacinas, rações, sementes, fertilizantes, agrotóxicos etc., até o produto final, como sucos, refrigerantes, bebidas alcoólicas, produtos vegetais (arroz, feijão, óleos, azeites etc.), laticínios, ovos, méis e carnes, há apenas 2,7 MIL FISCAIS NA ATIVA, em todo o território nacional. Estes profissionais também atuam nos campos, nas agroindústrias, nas instituições de pesquisa, nos laboratórios nacionais agropecuários, nos supermercados, nos portos, aeroportos e postos de fronteira, no acompanhamento dos programas agropecuários e nas negociações e relações internacionais do agronegócio, conforme informa o site da Anffa Sindical. Nas matérias divulgadas nos jornalões, o que se vê são fiscais agropecuários apontados como bodes expiatórios da Operação, falta de dados dos reais delitos cometidos (por exemplo, fala-se de quantidade exagerada de um ácido usual no processamento de alimentos, mas não se diz qual a quantidade), exagero para gerar frisson midiático. A Direção Colegiada do SINTSEF/CE acredita que investigações devem ser feitas e culpados punidos, mas condena a forma como as coisas vêm acontecendo no país. Ainda durante a investigação pessoas são feitas réus, antes mesmo de averiguarem suas verdadeiras culpas. Enquanto outras, bem… outras tem direito de virar delator, voltar atrás no depoimento de delação e seguir ganhando o prêmio por ter falado… e assim segue o país do golpe.

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