10 janeiro 2019

“O movimento sindical está desafiado a se colocar como sujeito coletivo inovador”


Clemente Ganz Lúcio, Diretor técnico do DIEESE, comenta em artigo de opinião sobre os futuros desafios dos movimentos sindicais diante do governo de Jair Bolsonaro.

As transformações tecnológicas e na propriedade das empresas estão mudando o sistema produtivo. O estado e as políticas públicas também fazem parte da grande transformação em curso no mundo e no Brasil. A reforma trabalhista e a terceirização são instrumentos poderosos para promover mudanças no mundo do trabalho. O grande desafio é olhar para as próximas décadas e disputar o rumo que tomará a economia, a organização da sociedade, o Estado e o trabalho do futuro.

Portanto, o movimento sindical está desafiado a se colocar como sujeito coletivo inovador nesse processo de profundas transformações, construindo uma organização da classe trabalhadora que seja capaz de promover movimentos de luta, resistência e criação de novos direitos e de formas inovadoras de proteção laboral e social.

Novas formas de organização e de representação que consigam produzir capacidade de luta e de inovação política e social diante da inovação tecnológica que trará impactos profundos e extensos no setor privado e público, afetando todos os postos de trabalho e o que conhecemos hoje por profissões.

Os jovens serão aqueles que construirão com o seu trabalho esse novo mundo e, por isso mesmo, devem ser os principais sujeitos mobilizados para promover o novo sindicalismo nesse novo tempo. Eles devem produzir uma nova agenda, construir nova pauta sindical e elaborar novas estratégias de luta e negociação.

A organização sindical deverá considerar a heterogeneidade ocupacional no mundo do trabalho com a ampliação dos empregos no serviços, com a informalidade laboral estrutural, com empregos precários e inseguros. Nesse contexto, o local de moradia é base de organização, assim como uma agenda da proteção e de direitos universais fazem parte central da estratégia de luta.

A estrutura em termos de direções, patrimônios, equipes e profissionais, bem como o financiamento, devem ser reorganizados para que sejam instrumentos de transformações para aumentar a capacidade de luta dos trabalhadores.

Por fim, será fundamental investir em formação sindical para a qualificação de dirigentes, ativistas e militantes, organizando grupos que desenvolvam competência para compreender a realidade e criar novas formas de organização e luta.

Os desafios são muitos e diversos. Não cabem voluntarismos e, muito menos, amadorismo. A luta requer inteligência, visão estratégica e muita capacidade de construir unidade.

Esta e outras matérias importantes sobre os órgãos públicos federais e a conjuntura nacional podem ser encontradas na edição de dezembro do Jornal do Sintsef/CE. Para acessar, clique AQUI.

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