05 maio 2017

“Se não houver exoneração não haverá desocupação”


Na manhã desta sexta-feira, 5, a liderança indígena cearense Weibe Tapeba afirmou que a ocupação à sede da Funai, em Fortaleza, não cessará enquanto a coordenadora Tanúsia Maria Vieira permanecer no cargo. O pronunciamento aconteceu durante reunião dos servidores da Funai na sede do SINTSEF/CE. Weibe compareceu ao encontro para apresentar os desdobramentos Acampamento Terra Livre, movimento que reuniu, em Brasília, mais de três mil indígenas de todo o país entre os dias 24 e 28 de abril.
A ocupação da Funai em Fortaleza já dura quase 50 dias. Desde então, os trabalhos dos servidores, que consideram o movimento legítimo, estão impedidos de serem realizados.
ENTENDA O CASO
No último mês de março, a servidora estadual Tanúsia Maria Vieira foi nomeada como titular da Coordenação Regional da Funai Nordeste II. O setor é responsável pela gestão do órgão nos estados do Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte e Paraíba.
Segundo conta Weibe Tapeba, a nomeação veio a partir de indicação política, sendo a mesma uma afilhada do Deputado Federal Anibal Gomes. O deputado teria forte ligação com empresários locais interessados em terras indígenas. Estes empresários foram, segundo Weibe, inclusive financiadores da campanha de Anibal. A coordenadora não tem nenhuma relação com o movimento indígena, que não a reconhece como capaz de ocupar o cargo, pelo contrário, observa que sua motivação se baseia apenas em motivos financeiros, atuando como um fantoche dos que a colocaram na posição.
O SINTSEF/CE tem atuado no apoio aos servidores da Funai e aos índios, por considerar o movimento legítimo e justo.
OS SERVIDORES
Os servidores da Funai tem usado o espaço do sindicato para fazer reuniões e organizarem-se em relação ao movimento dos indigenas. Eles não fazem parte do movimento, como também não o condenam. O que observam é que a Funai está sofrendo um processo de desmonte claro e evidente, assim como vem ocorrendo, de uma forma ou outra, com todo o Serviço Público Federal.
No caso da Funai, nos últimos dois meses, houve extinção de cargos e de unidades do órgão e, no Diário Oficial da União desta sexta-feira, 5 de maio, foi publicada a exoneração do presidente Antônio Fernandes Toninho Costa.

OS INDÍGENAS
No Ceará os indígenas sempre atuaram na intenção de fortalecer a Funai como órgão de proteção e apoio às comunidades. Em outros momentos exigiram exoneração de pessoas nomeadas por indicação política, como ocorre agora, e foram atendidos.
No Brasil os índios vivem ameaças constantes, principalmente pela posse de terras. Na última semana ocorreu um conflito no Estado do Maranhão quando 13 indígenas foram feridos, dois tiveram as mãos decepadas e cinco foram baleados.

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