27 outubro 2015

Artigo: Redação do ENEM foi surpresa positiva


A pedagogia de Paulo Freire afirma,com muita propriedade, a necessidade de educar utilizando temas da realidade social do educando. Infelizmente, a violência contra a mulher (ou a questão de gênero) é uma realidade na vida de todos os educandos brasileiros. Esta violência é vivenciada por toda a sociedade brasileira, independente de classe social, com mais força para alguns (e aqui a classe social faz toda a diferença) que para outros. Arrisco-me a dizer que todo brasileiro com capacidade de compreensão já experienciou um caso de violência contra a mulher, em um dos papéis: opressor, oprimido ou observador.
Assim, a redação do ENEM é mais que atual, é mais que assertiva, é na verdade um presente social e propõe uma reflexão mais que necessária, urgente: Até quando a questão de gênero será ignorada nos bancos escolares?
Quando começaremos a empoderar duas, três, mil mulheres? Empoderar quer dizer dar poder para afirmar-se, para impor respeito, reagir. Infelizmente, de novo caiu para a mulher a responsabilidade por transformar uma realidade que nem deveria existir. No entanto, quando uma prova de amplitude social quanto o ENEM, traz a violência contra a mulher como temática da redação ela é sim feminista (que bom), mas ultrapassa o feminismo, dando um tapa na sociedade: Por quanto tempo vocês – pais, mães, professores – ignorarão que é preciso incutir na nova geração que homens e mulheres são iguais, merecem o mesmo respeito, as mesmas regras, o mesmo tratamento (desde crianças), o mesmo valor?
Não perderemos espaço falando da repercussão da direita sobre o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Não nos cabe dar visibilidade ao que consideramos desprezível.
Luciana Barroso de Oliveira – Jornalista, professora e mestre em educação

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