11 agosto 2016

Homofobia não pode estar presente em quem representa a luta por direitos


Em uma de suas músicas mais aclamadas Caetano Veloso canta: “Todo mundo quer saber com quem você se deita, nada prosperar”. Como voz sempre atuante nos movimentos de esquerda o músico chama atenção para importante fato: qual o motivo de nos importarmos com a vida íntima dos outros? Ou em uma reflexão mais ampla: porque a orientação sexual de um indivíduo deve ser motivo de piada, preconceito, violência e morte? O texto deste mês propõe que todos nós pratiquemos o respeito às diferenças e nos foquemos na luta por igualdade, em todos os aspectos.

No dia 12 de junho, a boate Pulse, voltada para o público LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais) em Orlando (EUA) sofreu um terrível atentado. Um atirador invadiu o estabelecimento no momento em que acontecia uma festa no local e covardemente atirou nas pessoas que ali estavam, deixando 50 mortos e mais de 50 feridos, muitos deles gravemente. Não foi preciso esperar que a polícia concluísse a investigação: sem dúvidas, a causa do crime foi homofobia.
Homofobia (substantivo feminino): rejeição ou aversão a homossexual e à homossexualidade. A homofobia mata milhares de pessoas pelo mundo ano após ano. No Brasil, 318 pessoas foram mortas por homofobia em 2015. A cada 28 horas uma pessoa é morta simplesmente por ser quem ela é.
O perfil das vítimas de homofobia concentra-se na população jovem, com 43% dos atingidos tem até 30 anos. Além da violência física a homofobia também tem efeitos adversos sobre a saúde mental, entre eles o aumento da ansiedade, medo, estresse, baixa autoestima, auto-mutilação, depressão e suicídio.
Se o nosso propósito é lutar por uma sociedade democrática, justa e igual para todos, é nosso papel também lutar contra toda forma de discriminação e opressão.
A classe trabalhadora abrange a população LGBT, porém grande parte parece estar alheia a esta condição e ainda reproduz pensamentos que estão intrinsecamente ligados a pautas conservadoras e muito se afastam da essência da luta.
Enquanto seres ativos na militância em busca de conquista para os trabalhadores, devemos incluir em nossas pautas o respeito às diferenças.
Devemos incluir as pessoas LGBT em nossos espaços, ao invés de excluí-las. Devemos parar por um segundo e refletir que, muitas vezes, as piadas ou brincadeiras homofóbicas internalizadas em cada um de nós podem parecer algo simples ou inocente, mas elas são o reflexo de uma sociedade preconceituosa e sem escrúpulos, que mata homens e mulheres todos os dias simplesmente por viverem suas formas de amar.
Se nos opomos a qualquer indivíduo que tenha posicionamentos que criminalizem nossas lutas, devemos, também, nos opor àquele companheiro que reproduz discursos homofóbicos em qualquer que seja o ambiente que estejamos inseridos, para que este reflita sobre o nosso intento maior: uma sociedade justa e igualitária para todos, não somente para aqueles que se encaixam no padrão social imposto, seja este em termos de sexualidade ou qualquer outra condição do ser humano.

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