Servidores do ICMBio criticam indicações partidárias e sem preparo técnico para presidir órgão
Em menos de um mês apadrinhados políticos foram indicados para presidência do instituto. O atual nome é sócio em uma empresa de comércio varejista de bebidas
A Condsef/Fenadsef esteve na última sexta feira (25/04) em assembleia dos servidores do ICMBio que decidiram instalar um estado de mobilização permanente no órgão. Em menos de um mês a categoria critica indicações partidárias para a presidência do instituto sem nenhuma formação profissional ou perfil para lidar com as complexidades que a área ambiental exige. A última indicação política ao cargo é de Cairo Tavares de Souza, ligado ao PROS. Sem perfil técnico para o cargo de presidente do ICMBio, Cairo é sócio de uma empresa de comércio varejista de bebidas em Valparaíso de Goiás. O anterior, Moacir Bicalho, teve seu nome envolvido por um delator na Operação Lava Jato, conforme noticiado pela Revista Veja em 01/05/2017.
Para a assembleia, a Condsef/Fenadsef levou a preocupação dos servidores ao secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e informou que se o governo não recuar de indicações inconsequentes a categoria vai reagir. Em carta aberta à sociedade, confirma a íntegra abaixo, os servidores destacam que o ICMBio é responsável pela gestão de 333 Unidades de Conservação que correspondem a 9% do território continental e 24% do território marinho, bem como a coordenação e implementação de estratégias para as espécies ameaçadas de extinção. Uma missão como esta não pode ser entregue a dirigentes sem experiência na área socioambiental, por mera conveniência partidária.
CARTA ABERTA À SOCIEDADE
Como você reagiria se para a presidência do Banco Central fosse nomeado um indicado político partidário sem NENHUMA experiência em economia? Ou se para técnico da seleção brasileira de futebol, fosse indicado um jovem político que nada entende sobre o assunto?
Pois foi assim, com total assombro, surpresa e revolta que fomos supreendidos hoje com a indicação de um nome meramente político partidário, sem NENHUMA formação profissional ou qualquer experiência sobre meio ambiente para a presidência do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio.
Após a entrega partidária de algumas Coordenações Regionais e chefias de Unidades de Conservação do Instituto Chico Mendes, desta vez o Governo Federal pretende nomear para a presidência do ICMBio um apadrinhado político, o senhor Cairo Tavares de Souza, pertencente ao PROS, para a presidência do ICMBio.
O indicado a presidente do Instituto é diretor da Fundação Ordem Social, ligada ao PROS e sócio de uma empresa de comércio varejista de bebidas em Valparaíso de Goiás. Inacreditavelmente não consta que tenha QUALQUER experiência em gestão socioambiental.
O ICMBio é responsável pela gestão de 333 Unidades de Conservação que correspondem a 9% do território continental e 24% do território marinho, bem como a coordenação e implementação de estratégias para as espécies ameaçadas de extinção. Uma missão como esta não pode ser entregue a dirigentes sem experiência na área socioambiental, por mera conveniência partidária.
O Instituto Chico Mendes tem em seus quadros profissionais concursados, capacitados, qualificados, que vem atuando de forma comprometida, sempre dentro da legalidade, garantindo uma gestão transparente, ética, e voltada à execução da política ambiental pública e aos direitos garantidos na Constituição, de manutenção do equilíbrio ecológico do meio ambiente, bem de uso comum do povo, dentro de suas atribuições. Desde sua criação, sempre foi presidido por profissionais com experiência na área socioambiental, imbuídos da missão institucional do órgão que trouxeram grandes conquistas na sua capacidade de atuação , como poder executivo, na implementação da legislação ambiental vigente. Em um contexto de imensa fragilidade das políticas públicas, a possibilidade da nomeação do Sr. Cairo Tavares coloca em risco o bom desempenho da missão institucional do ICMBio.
Diante do exposto, os servidores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade repudiam veementemente a possibilidade de nomeação do Sr. Cairo Tavares como Presidente deste Instituto, ou de qualquer outra nomeação baseada em interesses políticos partidários contrários ao interesse público e à missão do ICMBio.
Chamamos a sociedade civil a se unir a esta luta, em prol da proteção do patrimônio natural e promoção do desenvolvimento socioambiental. Não passarão! #Nãoaoretrocessoambiental!
Matéria publicada originalmente no site da Condsef.
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