Sindicatos temem perda de poder de compra em caso de congelamento de salários de servidores
No último dia 09 de abril, Luís Carlos Macedo, da Da direção Colegiada do Sintsef, foi ouvido pelo Jornal O Povo sobre o projeto absurdo de corte no salário dos servidores públicos como medida para reunir recursos para o combate a Covid-19 no Brasil. Leia a matéria completa, outros sindicatos de servidores também foram ouvidos!
Escrito por Gabrielle Zaranza, para O POVO
A crise decorrente da pandemia do coronavírus tem interferido gravemente na economia de todos os países, incluindo o Brasil. diante do cenário, o ministro da Economia do País, Paulo Guedes, defendeu, no último domingo, 5, o congelamento de salário dos servidores por dois anos. Medida seria uma forma de contribuir para redução de despesas e estímulo à recuperação econômica. O POVO ouviu representantes de sindicatos do Ceará para entender a posição das categorias na negociação.
Com o congelamento, os servidores públicos ficariam dois anos sem reajuste salarial. Para a presidente do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindfisco do Ceará), Patrícia Gomes, não há como movimentar a economia se os salários forem congelados e a inflação continuar aumentando, reduzindo o poder de compra. “O que os servidores pleiteiam, a cada três ou quatro anos, nem é reajuste salarial, é pelo menos a recomposição do salário por conta das perdas inflacionárias. Todo trabalhador tem que ter direito a isso. A inflação corrói o dinheiro”, argumenta.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Ceará (Adufc), Bruno Rocha, a fala do ministro da Economia “tenta colocar na população essa sensação de que o serviço público deve arcar com o ônus da pandemia quando outros setores poderiam ajudar muito mais e não estão sendo cobrados, como o empresarial e o industrial”, reclama. Ele diz, ainda, que a proposta não pensa nos servidores públicos que possuem salários mais baixos. “Existe todo um contingente de servidores públicos que não têm um salário tão alto. Com isso, o poder de compra cai, as famílias vão se endividar ainda mais, e já vivemos um cenário de defasagem”, reforça Bruno.
Roberto Eudes Fontenele, coordenador geral do Sindicato dos Servidores Poder Judiciário Ceará (SindJustiça Ceará), fala que os servidores da área estão “acompanhando o processo, mas apreensivos com o cenário”. “Somos solidários com o Governo nesse primeiro momento, que reforça isolamento social. Agora a questão de congelar os salários por dois anos é outra coisa, dois anos sem acesso a direitos é outra coisa. Isso tem que ser visto com calma”, diz. Mesmo assim, ele reforça que, nesse momento de quarentena, a postura do sindicato é de compreensão.
“O sindicato funciona como um guarda-chuva protetor de determinada classe, categoria. O papel não é só defender a remuneração dos filiados, mas também a valorização daquele profissional”, pontua Patrícia Rocha. “No caso do Sindfisco, nós defendemos a importância do auditor fiscal para o brasileiro, que tem o papel de manter a arrecadação do País em níveis adequados para que o Estado possa cumprir seu papel, no caso é construir escolas, hospitais, estradas”, continua. Ela argumenta que a possibilidade de uma redução de salário diminui o número de profissionais qualificados que se interessam em obter o cargo.
Como medida alternativa à proposta, representantes defendem, principalmente, taxações de impostos daqueles que detêm grandes fortunas. “É o que Reforma Tributária deveria ter determinado. Tributação sobre grandes fortunas eles não determinam. Quem paga imposto no País somos nós, trabalhadores. A carga maior do imposto é nossa, é em cima do nosso salário e do nosso consumo”, reclama Luís Carlos, um dos coordenadores gerais do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal do Ceará (Sintsef CE).
“Acredito que, depois dessa pandemia, nós vamos ter outro cenário mundial no aspecto econômico e político. Será necessário repensar o mundo, de forma diferente. E a nossa bandeira com relação a tudo isso que tá acontecendo é a de que a vida está acima do lucro, nenhum direito a menos”, defende o também aposentado do Ministério da Saúde.
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