11 abril 2013

REESTRUTURAÇÃO: Futuro do Dnocs terá debate na 6ª feira


As mudanças pretendidas para o Departamento Nacional de Obras Contra às Secas (Dnocs) voltam a ser debatidas na próxima sexta-feira, na sede do BNB, no Passaré. Dessa vez, o evento contará, além dos servidores, com as presenças de parlamentares da bancada nordestina no Congresso Nacional e ainda de representações dos ministérios da Integração Regional e Planejamento.
O encontro, que acontecerá a partir das 9 horas, terá um caráter técnico para avaliar os projetos dos perímetros irrigados, infra estrutura hídrica, piscicultura e recursos humanos. A ideia é estabelecer um diagnóstico, no sentido de melhor fundamentar os parlamentares nordestinos para as discussões em torno da reestruturação do órgão.
O deputado federal Eudes Xavier (PT-CE) disse, ontem, que há uma ampla mobilização entre deputados federais e senadores, a fim que possam apreciar as ações e as demandas do Dnocs, quando há uma pretensão de alterações significativas, como a mudança de sede de Fortaleza para Brasília e ainda a transformação de autarquia para empresa pública de infraestrutura e recursos hídricos.
Gestão – “Nosso principal objetivo é aprofundar todas as discussões que possam representar no aperfeiçoamento do órgão. Queremos o fortalecimento do Dnocs e não sua extinção”, disse Eudes Xavier. O deputado petista e acredita que as ações anunciadas previamente levam ao esvaziamento, uma vez que não representam no aumento da capacidade de desenvolvimento regional e convivência com o semiárido.
Um dos pontos mais polêmicos é com relação à mudança para Brasília. Eudes Xavier observou que a reunião da sexta-feira terá importância fundamental, no sentido de exaurir essa discussão, tendo em vista quer há uma crescente posição contrária dos servidores e de parlamentares.
“Não podemos entender como essa mudança possa ser benéfica, se o momento atual é do fortalecimento dos perímetros irrigados e do aumento da capacidade hídrica”, afirmou.
No entanto, existe também uma argumentação contrária. O engenheiro civil e ex-diretor regional do Dnocs, Cássio Borges, entende que está se fazendo um esforço muito grande para algo que está errado. “Não sou apenas contra a mudança da sede para Brasília. Acho que nunca deveria ter saído de lá”, disse.
A explicação do engenheiro aposentado é com relação ao fato de que, na sua opinião, o Departamento tornou-se “pequeno e provinciano”. “Hoje, todas as decisões são tomadas em Brasília. O diretor geral tem a necessidade de se deslocar constantemente para reuniões com ministros. Então, por que a cúpula não se fixa na Capital do País”, indaga. Apesar dessa postura, Cássio Borges afirma que é contrário à transformação da empresa pública. “O fato é que o Dnocs vem dando certo. É impossível imaginar como seria o semiárido sem sua presença”, salientou.
Contudo, não deixa de fazer críticas. Uma dessas é com relação à construção do Castanhão, que avalia como uma obra de ostentação, imponente e um exemplo de engenharia, mas longe de atender às reais necessidades hídricas do Ceará. “Foi construído um grande açude, quando se poderiam ter feito mais dois reservatórios, um em Lavras da Mangabeira, e outro em Aurora, que poderiam agora estar suprindo de águas mais cidades, principalmente as localizadas nos Inhamuns”, afirmou. Ele lembrou que sua posição contrária foi manifestada desde o início da construção.
Ciclo – As críticas ao Castanhão são, sobretudo, com relação à localização, que, conforme diz Cássio Borges, está distante de outros municípios do Sertão Central ou dos Sertões de Crateús, grande capacidade de evaporação de água, em vista do gigante espelho de água, e também porque está localizado em área já bem servida por irrigação, através dos açudes do Orós e o Banabuiú. “Hoje, é um reservatório que atende, especialmente, Fortaleza e as cidades litorâneas, sem que essas ainda não estejam em estado de emergência”, disse. No entanto, seu temor maior é com relação ao ciclo de uma seca prolongada, que afligirá ainda mais o Ceará.
(Fonte: Jornal Diário do Nordeste – 10/4/2013)

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